O premiado coreógrafo e professor de dança Renato Ventura não esconde a felicidade e a satisfação ao falar da oficina “Larutan Natural”, uma atividade gratuita que é sucesso de público no Centro Cultural Padre Eustáquio e no Centro Cultural Pampulha, equipamentos mantidos pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura: “Eu não posso mais dizer que é uma atividade somente para a terceira idade, pois, para minha surpresa, agora muitos avós e pais trazem também os filhos e netos. Hoje eu digo, seguramente, que é para toda a família”.
A origem do projeto da oficina, idealizado e criado por Renato Ventura, funcionário do Sesc, e que o apresenta também no Centro de Referência à Pessoa Idosa, no Caiçara, era desenvolver uma atividade de dança para a terceira idade que respeitasse o tempo e as condições dos participantes. E não por uma concessão a algum tipo de limitação imposta, muito pelo contrário, a ideia era potencializar as possibilidades desse público, unindo expressão artística, atividade física e diversão.
Na Larutan, os participantes são sujeitos dos corpos e dos movimentos. Essa ideia está no próprio nome da oficina – um anagrama de natural, escrita de trás para frente-, ou seja, busca-se um estado de naturalidade para os movimentos, permitindo ao público acompanhar o professor de maneira livre e sem preocupações. “A oficina busca o bem estar do participante e, com isso, alia a dança, a ginástica e a coordenação motora à alegria, ao prazer e à convivência social. Tem também efeito terapêutico e na saúde”, explica Ventura.
O estilo livre que Renato Ventura oferece na oficina encontra eco nos participantes, o que explica a grande afluência à atividade. Um deles é Rita Soares, dona de casa de 68 anos, moradora do bairro Santa Terezinha, que frequenta a oficina no Centro Cultural Pampulha há alguns meses. “Eu gosto muito de dançar, e dessa oficina eu gosto muito. Aliás, todo mundo gosta porque a gente faz o que dá conta, o que a gente aguenta, é muito divertida”, explica. Outro fator que estimula Rita é a questão da saúde: “Eu vivia cheia de dor, dor nas pernas, dor nos joelhos. Depois que comecei a frequentar meu estado melhorou muito”.
Maria Inês de Oliveira Gato, 58, secretária, moradora do bairro Dom Cabral, também ressalta a importância da oficina. “Eu fiz a oficina no Centro Cultual Padre Eustáquio durante alguns meses, mas aí teve mudança de horário e tive que interromper. Quando já estava pronta para voltar quebrei o pé e estou em repouso. Mas não vejo a hora de retornar”. Maria Inês faz coro à satisfação em participar da oficina. “O Renato é muito alegre, me impressiona a força que ele tem, o carisma. A aula é estimulante, é contagiante, porque a gente faz sem limite imposto, com as nossas possibilidades, bem à vontade. A gente fica livre, sem cobrança severa de si mesmo ou dele, ele faz o melhor para a turma. Já estou combinando com amigas de voltar e levá-las”, completa.
Renato Ventura explica que o estilo é livre, mas para não ficar solto demais incorpora técnicas do jazz, da dança contemporânea nos movimentos, mesmo que os participantes não percebam. “Tudo é pensado para estimular os participantes, inclusive para a interação, a sociabilização, o convívio coletivo. Com isso, a pessoa vai porque gosta, nunca é um sacrifício, como algumas atividades físicas impõem”, explica. “O estilo Larutan está alicerçado em três palavras: amor, carinho e respeito, que, aliás, norteia tudo que faço na vida”, revela.
Essa junção entre atividade artística e saúde é também apontada por Simone Rocha, gerente do Centro Cultural Padre Eustáquio. “Renato Ventura é uma pessoa que agrega alegria e alimenta a alma. Ele já é um parceiro voluntário do Centro Cultural Padre Eustáquio há mais de cinco anos. O seu método Larutan utiliza a dança não só como uma expressão artística, mas também terapêutica”.
Descentralização
Sucesso no Padre Eustáquio há cinco anos, a oficina Larutan é apresentada também no Centro Cultural Pampulha há seis meses. A atividade é resultado da eficácia de uma política pública de descentralização, já que atende aos moradores dos bairros em que os equipamentos têm sede e também todo o entorno. Simone Rocha ressalta que “as aulas de Renato Ventura representam e traduzem a importância dos equipamentos culturais descentralizados e o quanto a dança pode construir uma cidade mais inclusiva e generosa”.
Frederico Diniz, coordenador geral dos centros culturais, reafirma esse papel. “Enquanto espaços públicos voltados para o desenvolvimento cultural e para promoção da cidadania, os centros culturais estão de portas abertas para iniciativas que promovam o acesso, a formação e a fruição artística. Assim como, também, as propostas que estimulem a convivência social e a saúde do corpo e da alma”. Para Diniz, o projeto expressa esse sentido. “A oficina Larutan Natural é um bom exemplo de parceria que extrapola a perspectiva artística e abraça a inclusão social e o bem estar coletivo”.
A oficina Larutan Natural, projeto pelo qual Renato Ventura conquistou o troféu na categoria Cidadania do Prêmio Bom Exemplo, da TV Globo, é oferecida no Centro Cultural Padre Eustáquio as terças e quintas, às 19h30; e no Centro Cultural Pampulha as sextas, das 18 às 19h.
Centro Cultural Padre Eustáquio:
Rua Jacutinga, 821, Padre Eustáquio, telefone: 3277-8394
e-mail: ccpe.fmc@pbh.gov.br
Centro Cultural Pampulha:
Rua Expedicionário Paulo Souza, 183, Urca; telefone: 3277-9292
e-mail: ccp.fmc@pbh.gov.br