Pular para o conteúdo principal

Ouvir texto:



BH em Pauta: Prodígios da aquaponia

Aluno da rede municipal de ensino ao lado de horta de aquaponia na Escola Adauto LucioFoto: Amanda Antunes

BH em Pauta: Prodígios da aquaponia

criado em - atualizado em

Uma provocação do monitor Walisson Aílton Menezes, do Projeto Escola Integrada, da Escola Municipal Adauto Lúcio Cardoso, foi o estopim para a criação do projeto de aquaponia, desenvolvido pelos alunos do 5º ao 9º ano, como solução para a produção de alimentos em pouco espaço.  



A pergunta - "Se em 2050, nove bilhões de habitantes do planeta não tivessem áreas agricultáveis, como iriam produzir alimentos?" - foi feita no ano passado e a resposta para o desafio rendeu projetos de cultivo, com o aproveitamento de um espaço de 20 metros nos fundos da escola, que passou a ser utilizado para uma horta convencional. "O trabalho transformou uma área com pouco uso em um local agradável e produtivo, que, além de trazer vida, pode ser utilizado como laboratório que envolve várias disciplinas", afirma Walisson.



O monitor conta que, após uma hora de pesquisas, os alunos apresentaram soluções de plantio como a aquaponia, que une a piscicultura (cultivo de peixes) e a hidroponia (cultivos de plantas, com as raízes submersas na água). A implantação do projeto contou com a parceria do professor de educação física Fábio Lopes. A escola forneceu todo o material para os alunos desenvolverem a horta da forma como a planejaram e idealizaram. 



No projeto, iniciado em fevereiro do ano passado, estão envolvidos cerca de 15 integrantes de 10 a 15 anos. No Programa Escola Integrada os alunos não são divididos por série, e sim por idade. "A intenção é proporcionar aos estudantes a oportunidade de participarem e aprenderem coisas novas, que normalmente não teriam a chance, tendo em vista que a maioria é carente de recursos", conta Walisson. 



Desde a criação do projeto, os alunos melhoraram o interesse e comprometimento com as atividades na escola. “Hoje em dia, eles já chegam na escola procurando a chave do espaço para fazer a manutenção, dar a ração para os peixes. A cada evolução, comemoram muito”, disse o monitor.

34565402114_b66ee5e5b4_z (1).jpg

Na primeira fase, foram plantados morango, almeirão, cebolinha e, em maior quantidade, alface. A colheita da primeira plantação foi suficiente para abastecer a cantina durante todo o mês de novembro do ano passado. Recentemente, foi ampliado o sistema de aquaponia e a produção já é suficiente para abastecer a escola, com leguminosas e folhosas.



Danilo Marcos de Alvarenga é referência do Programa Saúde na Escola (PSE) da Escola Adauto Lucio e avalia os benefícios que o projeto de aquaponia trouxe para os alunos. “O desperdício tem diminuído muito, a partir da experiência de plantar e manter a horta que os alunos estão vivendo. Começaram a conhecer alimentos que não tinham o hábito de ver, como agrião, almeirão, salsinha. Descobriram que verdura não é só alface e couve”, disse.

 

Líderes socioambientais 

As atividades na horta empolgaram tanto os alunos que os jovens criaram uma empresa com logomarca, slogan, cartilhas e uma página nas mídias sociais, batizada como Círculos Aquapônicos. A empresa fez com que a escola se tornasse conhecida por ser a primeira da cidade a implantar um sistema de aquaponia, que hoje atrai o interesse de estudantes de outras unidades de ensino da capital. Além disso, os moradores do entorno também podem visitar e conhecer o sistema. 
 

As atividades da Escola Integrada não valem como nota, mas os estudantes, que antes não tinham tanta vontade de estar na escola, hoje demonstram empenho e dedicação. "Notamos que os alunos aumentaram muito o interesse em estudar, melhoraram o relacionamento com os colegas e estão se tornando líderes socioambientais", revela Fábio Lopes.
 

Por meio da empresa, os alunos da Adauto Lúcio Cardoso, com o auxílio do monitor, ministram palestras para difundirem o trabalho em outras escolas da cidade. Um dos integrantes, Moisés Erivelton Soares, 12, que pretende se tornar engenheiro agrônomo, já implantou o projeto na própria casa: “Na minha casa aproveitei telhas para fazer o sistema. A gente não compra mais verduras porque estamos produzindo tudo que consumimos. Esse projeto me motivou a pesquisar sobre o assunto, e, no futuro, quero ser engenheiro agrônomo”.
 

Ano passado, os alunos deram consultoria e iniciaram a implantação do sistema em outra escola municipal da região, e pretendem ampliar o projeto para algumas escolas estaduais de Belo Horizonte, que também se interessaram pelo assunto. A Escola Mário Mourão Filho já sinaliza que quer receber a consultoria. 

 

Tecnologia do processo


Com a união da psicultura e da hidroponia, a proposta da aquaponia é aproveitar os dois sistemas para o cultivo de verduras. O excremento produzido pelos peixes no tanque é rico em nutrientes que alimentam as plantas, que, por sua vez, filtram a água para o peixe. Os dois sistemas estão fisicamente separados e são interligados por um sistema de bombeamento que leva a água com fezes de peixe para o sistema hidropônico e devolve a água limpa do sistema hidropônico para o tanque com os peixes.
 

Na escola Adauto Lúcio (rua Ernesto Gazzolli, s/nº, bairro Céu Azul) foram usados canos PVC e as mudas são colocadas em copos descartáveis que servem de base para a planta. As mudas maiores são plantadas diretamente no cano. Enquanto na horta convencional, as plantas levam, em média, 60 dias para serem colhidas, no sistema aquapônico o tempo de colheita é de 45 dias. 

Últimas Notícias

NOTÍCIA EMPREENDEDOR

Simulação de Notícia

Cerca de nova mulheres fazem oficina de crochê.

Voluntários de oficinas de centro cultural trocam saberes

Encontros mensais de voluntários de oficinas no Centro Cultural Zilah Spósito facilitam troca de conhecimento e informação.