As plantas medicinais fazem parte da vida de uma boa parcela da população no Brasil e no mundo. Muitas delas têm eficácia comprovada, seja com recursos antigos ou atuais. Por tradição ou mesmo necessidade, esta cultura tem atendido de alguma forma as demandas de saúde de diversas famílias.
Ao reconhecer a importância das plantas medicinais como recurso terapêutico, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem aconselhado o desenvolvimento de ações que visem à inclusão das plantas medicinais na Atenção Primária à Saúde.
Uma oficina de cultivo de plantas aromáticas e medicinais foi promovida pelo Centro de Saúde do Bairro Tupi, na região Norte de Belo Horizonte. A oficina foi ministrada pela nutricionista e coordenadora do projeto, Carla Peres, no Centro Comunitário São José. “Com esta ação, despertamos nos participantes vários aspectos importantes, como a consciência ecológica e a importância do meio ambiente para a qualidade de vida e saúde das pessoas”, explica Carla.
Além de apresentar as propriedades medicinais de alguns tipos de plantas e ensinar a técnica da compostagem (como preparar as ervas), a oficina mostrou a utilização de plantas medicinais pelas famílias. Durante o evento, os participantes receberam mudas de plantas medicinais, condimentares e aromáticas, como hortelã, guaco, salsinha, cebolinha, manjericão, alecrim e tomilho, além de sal de ervas.
Palestrante da Congregação das Irmãs Maristas de Ribeirão das Neves, Valdere Ricardo revelou a importância das propriedades das ervas medicinais e compartilhou conhecimentos para orientar as pessoas quanto ao uso correto dessas plantas. “Todo dia tem gente querendo a cura para alguma doença, principalmente os mais idosos que não querem tomar remédio e buscam nas ervas o mesmo efeito. Entretanto, devemos ter cuidado ao usar as ervas, evitando, assim, reações adversas ocasionadas pelo uso indevido”, informou.
“Lido com plantas no meu dia a dia e, agora, aprendi muita coisa que vou poder praticar em casa. Aprendi a combater os fungos, a regar da maneira correta, que umas espécies servem como remédio e outras, como tempero. Foi muito produtivo ter acesso a este aprendizado”, avalia a moradora do bairro Tupi, Andrea Ciro César, 50.
O curso reuniu cerca de 40 participantes. ”Foi interessante poder tirar dúvidas, conhecer melhor sobre as características das plantas que já temos em casa e saber mais sobre o uso medicinal e culinário delas”, observou a usuária do Centro de Saúde Lucimeire Rocha Figueiredo. “A comunidade é muito participativa e se interessou muito pelo curso; quero participar das próximas oficinas, pois é através do aprendizado que vamos ter mais qualidade de vida”, conclui ela.
Engajamento
O projeto promovido pelo Centro de Saúde do Bairro Tupi é um resgate do saber popular. A iniciativa já distribuiu ervas e mudas para os moradores da região. “Bom ressaltar que, mesmo sendo regulamentadas e usadas tradicionalmente por gerações, não se deve substituir um diagnóstico de um médico pelo uso das plantas medicinais”, pontua Carla Peres.
Ainda segundo Carla Peres, as oficinas enfatizam a importância da utilização das plantas aromáticas e medicinais no dia a dia da comunidade. “Um dos objetivos é incentivar o consumo de forma consciente e responsável, considerando a regulamentação do Ministério da Saúde, bem como promover a alimentação saudável, substituindo temperos industrializados por plantas aromáticas nas preparações culinárias. É mais aroma, sabor e saúde no prato!”, finaliza ela.
Um novo encontro com a temática será realizado na comunidade ainda neste mês de setembro.