Nesta manhã, o Festival Literário Internacional de Belo Horizonte (FLI-BH) anunciou grandes nomes da literatura nacional e internacional para sua segunda edição, a ser realizada entre os dias 14 e 17 de setembro, no Centro de Referência da Juventude - CRJ. O festival, realizado em parceria com a Primavera Literária, da Liga Brasileira de Editoras (LIBRE), terá como tema Vozes de todos os cantos, e curadoria de Francisco de Morais Mendes e Adriane Garcia.
Para o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Juca Ferreira, o festival já foi incorporado ao calendário da cidade. “O FLI-BH levanta a questão da literatura, da valorização da leitura e da leitura literária, que são aspectos importantes para o desenvolvimento desta arte em Minas, que, em especial na cidade de Belo Horizonte, sempre brilhou. Esse ano, a curadoria apontou a necessidade de valorizar vozes e recuperar esta multiplicidade de produções literárias, para que dialoguem e circulem num mesmo espaço, sendo valorizadas da mesma forma”, ressaltou Juca.
A proposta é trazer à cena a diversidade que a literatura expressa reunindo grupos que movimentam a cena literária na cidade e em diferentes partes do mundo. “Às vozes do texto literário somam-se as vozes das ruas, dos saraus, da academia e a voz do público leitor. A ideia é romper com as divisões entre centro e periferia, entre guetos, grupos e classes sociais, entre o tradicional e o novo, e nos apossarmos da força que vem de diferentes territórios, com a variedade de culturas, de gêneros, de opções de expressão”, destacou o curador Francisco de Morais Mendes. Para a diretora regional da Liga Brasileira de Editora, Juliana Flores, que realiza a Primavera Literária, a realização da terceira edição do evento junto ao FLI-BH consolida uma parceria que deu certo. “A nossa ideia é que a gente consiga representar a bibliodiversidade brasileira, e o tema deste ano faz um diálogo com a luta da LIBRE, que é mostrar a voz de todos os cantos da literatura para os leitores, fortalecendo as editoras independentes” afirmou Flores.
Neste ano, a homenageada será a escritora e jornalista Laís Corrêa de Araújo, personalidade influente no meio literário mineiro, como poeta, ensaísta, tradutora, uma das fundadoras do Suplemento Literário de Minas Gerais, e titular da coluna Roda Gigante, publicada regularmente durante muitos anos no jornal Estado de Minas. A curadora Adriane Garcia afirmou que espera que a homenagem dê mais visibilidade a obra e vida da autora mineira. “A escolha é ética, estética e política. Ética porque queremos fazer justiça com esse nome que muitas vezes as pessoas não conhecem. Estética porque a obra de Laís é uma poesia que fala de tudo, ela é atravessada pela sua experiência, mas tradada ao mesmo tempo com exatidão. Nos poemas de Laís não existem palavras que não deveriam estar ali. E política porque queremos homenagear uma mulher, tendo em vista que a edição anterior homenageou um homem. Hoje nós reivindicamos este lugar da mulher que também é o da escrita e o da leitura”, disseAdriane Garcia.
Entre os convidados internacionais estão a Campeã do Mundial de Slam, a poeta americana PorshaOlayiwola. Representando Portugal estarão a escritora e professora da Universidade de Coimbra, Teolinda Gersão, e o contador de histórias e pesquisador Rodolfo Castro. O convidado do continente africano é o pesquisador e escritor congolês Felix Kaputu, refugiado no Brasil por meio do programa oferecido pelo International Cities of Refuge Network (Icorn).
Já entre os convidados nacionais confirmados estão a professora da Universidade de Brasília (UnB), Regina Dalcastagnè, a escritora e ilustradora pernambucana Rosinha, a autora premiada Maria Valéria Rezende, e a professora, escritora e ativista indígena Eliane Potiguara, fundadora da Rede Grumin de Mulheres Indígenas. Também estão confirmados a escritora, poeta e romancista Conceição Evaristo, que atua nas áreas de Literatura e Educação, com ênfase em temas de gênero e etnia, e o escritor Luiz Vilela, autor de contos, romances e novelas, que neste ano completa 50 anos da publicação do livroTremor de Terra, vencedor do Prêmio Nacional de Ficção, de 1967.
Para a coordenadora geral do FLI-BH, Fabíola Farias, o evento é uma conquista para a cidade, uma vez que contempla distintos aspectos demandados pelo setor, como a valorização da escrita literária como produção artística e cultural, a promoção dos escritores da cidade, o fortalecimento da economia do livro e, principalmente, a oferta de atividades que contribuem para a formação de leitores. Neste sentido, ela ressaltou que “o FLI materializa boa parte das diretrizes do Plano Municipal de Leitura, Literatura, Livro e Bibliotecas, construído, coletivamente, por representantes da sociedade civil e do poder público durante quase três anos de trabalho”.