Uma horta comunitária viabilizada com o suporte da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em uma área antes ociosa na região Leste da cidade vem alterando a rotina e fazendo a diferença na vida de moradores da rua Horto e redondezas, no bairro Taquaril. Tudo começou com o trabalho de remoção definitiva das famílias que se encontravam em moradias com situação de risco geológico alto, realizado pela Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel). A remoção não apenas garantiu a segurança das pessoas retiradas, como também transformou a vida daqueles que permaneceram próximos ao local.
Técnico social da Urbel, Affonso Alves relata que os moradores procuraram a companhia para saber da viabilidade de se fazer uma horta: "Dessa forma, vistoriamos a área, fizemos uma reunião para explicar todo o processo de construção de uma horta coletiva e, assim que concluímos que era possível tocar o projeto, eles prepararam a área”. Assim, a área remanescente que estava ociosa após a demolição das casas está se transformando em uma horta comunitária casa vez mais produtiva para a comunidade. Já é possível consumir diversas verduras e legumes cultivados.
Para auxiliar o projeto da horta idealizado pelos próprios moradores, a Urbel buscou o apoio de outros órgãos da PBH, como a Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, que forneceu esterco, adubos, sombrite, mudas e o apoio técnico de agrônomos. Uma universidade parceira tem oferecido cursos e oficinas aos moradores, como a de produção de adubo orgânico.
Supervisora de gestão comunitária da diretoria de risco e assistência técnica da Urbel, Alice Uzêda explica que o trabalho social vai continuar acompanhando o andamento do projeto: "Um dos desafios da mobilização é promover ação comunitária, fazendo com que os vizinhos colaborem uns com os outros, trabalhem juntos e se tornemum grupo que planta e colhe junto.”
Entrosamento e união
Um dos símbolos da iniciativa é o aposentado João Batista Soares, de 54 anos, morador do Taquaril há 27. Com o exemplo de engajamento dele, os vizinhos tiveram o incentivo que precisavam para fazer com que o sonho da horta virasse realidade. Mesmo enfrentando problemas de saúde, João acreditou que daria certo e começou, aos poucos, limpando o terreno, nivelando e cercando o local.
"Eu achava que não ia conseguir, mas fui criando forças e, à medida em que a horta ia nascendo, eu ia renascendo junto. Hoje, além de estar melhor, ainda tenho acelga, mostarda, alface, couve, rúcula, berinjela, milho, feijão, pimenta e muitas outras coisas, como se fosse no quintal de casa", afirma João, que passou por sessões de hemodiálise. Por esta história de superação, o aposentado dá nome à horta.
A dona de casa Almira Alves participou de todas as reuniões realizadas pela equipe da Urbel com os moradores envolvidos no projeto e não vê a hora de contribuir mais para o crescimento da horta. Em casa, ela já tem algumas mudas e pretende investir no plantio de alimentos, como milho, batata e mandioca: "Eu mesma fiz uma escadinha para melhorar o acesso e começar a minha parte. Agora que a chuva está chegando, fico ainda mais animada."
Enquanto isso, outros moradores, como João Batista, vão ajudando a cuidar e aumentar a produção para todos. "Essa ideia de horta comunitária é muito boa mesmo. Ajuda a gente a ter mais entrosamento e união. Tem formiga, tem lagarta e outras dificuldades para a gente enfrentar, mas não podemos desistir. Não é à toa que essa horta tem o meu nome e é a minha cara. É só olhar para ver que ela é cheia de vida e gratidão", diz, empolgado, o senhor João.