A Turma do Bolinho, na Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei) Santa Amélia, na região da Pampulha, está caprichando no trabalho com as artes visuais. Desde o início do ano letivo, 20 crianças com idade de quatro e cinco anos estão aprendendo sobre o grafite, uma das expressões da arte urbana.
A ideia partiu da professora Patrice Dias que, para trabalhar o eixo Linguagem Plástica-visual do Projeto Pedagógico da Escola, propôs o estudo sobre arte urbana, especificamente o grafite. A partir deste tema, foram desenvolvidas várias atividades dentro e fora da sala de aula, estimulando as crianças a observarem e refletirem sobre as pinturas encontradas em muros, prédios e painéis pela cidade.
Ganharam destaque as pinturas da grafiteira Maria Raquel, responsável pela criação do personagem Bolinho, encontrado em vários locais por toda a cidade. Segundo a professora, a escolha deste personagem se deu por conta de suas características: “Trata-se de uma representação, próxima ao universo infantil, com traços simples, como define a própria artista, e, por estar presente em boa parte da cidade, facilita o acesso das crianças às obras.”
A professora explicou que um dos objetivos do Projeto Político Pedagógico da Umei Santa Amélia é valorizar a arte e a cultura mineira. “A artista Maria Raquel ‘Bolinho’ é mineira e essa turminha escolheu estudar sua biografia e suas obras. É a primeira vez que trabalhamos com a arte urbana especificamente.”
As crianças participaram de diversas atividades: em casa e com a ajuda dos pais, produziram desenhos do personagem com o uso de moldes. Em sala de aula, fizeram desenho livre do personagem e montaram chaveiros no formato de bolinho para compor o painel na escola. Tiraram selfies com os Bolinhos pintados pela cidade. Um painel permanente foi montado no corredor da escola para exposição de informações sobre a artista e sua obra, além das fotos tiradas pelas crianças.
A direção da escola presenteou a turma com uma almofada do Bolinho Pinguim, que está visitando as crianças em suas casas. A mascote fica na casa de cada criança por dois dias e o resultado desta experiência, o que fizeram e como se sentiram, tem sido registrado em um Diário de Bordo, apresentado para a turma sempre que a mascote é devolvida.
A turma foi convidada também a participar do concurso “Um Olhar, Uma Luz – 120 anos de Belo Horizonte”, promovido pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio da Secretaria Municipal de Educação. As crianças receberam orientações quanto ao uso de máquina fotográfica, enquadramento de imagens, entre outras. Depois, percorreram trechos da Avenida Pedro I para captação de imagens das obras encontradas nesta área. O resultado desta visita será uma exposição no hall da escola, prevista para o início do mês de dezembro e aberta à comunidade escolar, valorizando a produção das crianças. Ainda em dezembro, a artista Maria Raquel ‘Bolinho’ estará na escola para fazer a pintura de um bolinho na UMEI.
Árvore de bolinhos
Em outubro passado, crianças e familiares fizeram uma intervenção artística na escola: bolinhos confeccionados pelas crianças em casa junto com seus pais foram pendurados em uma árvore na área externa da Umei. A escola ofertou chá com bolinhos. Uma das famílias presenteou a turma com bolinhos de pote. “Todo este envolvimento foi muito proveitoso para as crianças. Por isso o resultado da intervenção foi encantador”, disse a professora Patrice.
Mãe do estudante Miguel Maia, aluno de cinco anos, Marina Alves aprovou a experiência de participar com o filho da produção dos bolinhos: “Fiz a arte junto com o Miguel, que interagiu bem com o projeto. Ele é alucinado com a Patrulha Canina e escolheu este tema para enfeitar seu bolinho. Ele mesmo colou os adesivos e criou as frases falando sobre o amor e a proteção dos animais.” O marido Fernando Maia, com Miguel sobre os ombros, ajudou a pendurar o bolinho na árvore. “Para o Miguel foi muito importante a participação da família. Todos os dias passamos debaixo da árvore e ele fala ‘mamãe, meu bolinho tá ali ainda”, contou a mãe, toda orgulhosa.
Entalhando na madeira
Anualmente, a UMEI Santa Amélia convida um artista ou um escritor para um bate papo com as crianças. Os professores trabalham previamente em sala de aula as obras e biografia dos convidados e, no dia do "Bate Papo", é preparada uma exposição com os trabalhos produzidos pelas crianças inspirados nas obras dos artistas convidados.
Em maio, as crianças receberam a visita do artista naif Mestre Thibau, que trabalha com esculturas em madeira. As crianças conversaram com o artista para conhecerem um pouco de sua vida e obras, algumas expostas na escola. No dia seguinte, puderam apreciar o artista trabalhando, enquanto esculpia o nome da escola em uma placa de madeira e, depois, entalhava um aglomerado urbano em um tronco de árvore. Na comemoração dos cinco anos da UMEI, também em maio, Mestre Thibau compareceu para a inauguração da placa esculpida por ele. Familiares das crianças e comunidade também estiveram presentes neste dia.
Vice-diretora da UMEI Santa Amélia, Andreza de Morais Lima explicou que o trabalho com artistas está pautado nas Proposições Curriculares do Município de Belo Horizonte, dentro do eixo Linguagem Plástica-visual e Cultura-sociedade-natureza. "Tanto a visita do Mestre Thibau quanto o trabalho desenvolvido na Turma do Bolinho possibilitaram que as crianças conhecessem outros tipos de manifestação artística, nutrindo esteticamente o olhar dos alunos."
A Umei Santa Amélia está localizada à Rua Manoel Eustáquio com Virgílio de Melo, no bairro Santa Amélia. Tem capacidade para atender 440 crianças nas idades de zero a cinco anos.
Educação Infantil
Atualmente, Belo Horizonte atende a mais de 68 mil crianças de 0 a 5 anos em 304 instituições da rede própria e da rede parceira. Na rede própria são 131 Unidades Municipais de Educação Infantil (UMEIs), 13 escolas municipais de educação infantil e 16 escolas de ensino fundamental com turmas de educação infantil. A rede parceira possui 197 creches conveniadas ao município.
A Educação Infantil do município se tornou referência em todo o Brasil e desenvolve uma proposta pedagógica, elaborada coletivamente pelos profissionais que atuam na Rede Municipal e parceira, que assegura concepções avançadas sobre o desenvolvimento da infância e da Educação Infantil. O documento Proposições Curriculares para a Educação Infantil e os cadernos complementares são subsídios para a elaboração dos planejamentos, dos registros e da avaliação dos processos na Educação Infantil, orientando e qualificando o trabalho docente.