Construído em uma área de 2.100 metros quadrados, o jardim de plantas suculentas do Jardim Botânico da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte tem cerca de 120 espécies de plantas, do Brasil e de vários outros países, que se destacam não só pela beleza, mas também pelas propriedades medicinais, cosméticas e alimentícias.
Na nomenclatura botânica, o grande grupo de plantas suculentas é subdividido em vários subgrupos, as chamadas “famílias”. Nelas, as plantas são relacionadas de acordo com características específicas. Uma das famílias mais conhecidas é a Cactaceae, que, como o próprio nome sugere, é a denominação científica do subgrupo dos cactos. No jardim da FZB, existem 24 espécies de cactáceas que ao longo do ano mostram o colorido de suas pétalas em diversas ocasiões. Algumas delas são mais conhecidas, popularmente, como a babosa, o mandacaru, o ora-pro-nobis, as palmas, a espada-de-são-jorge e o bálsamo. Ou ainda a onze-horas, a cadeira-de-sogra, o cacto-porco-espinho e a orelha-de-elefante.
De acordo com a bióloga do Jardim Botânico da FZB-BH, Inês Ribeiro, a principal característica das plantas suculentas é ter estratégias para resistir a ambientes hostis. Conhecidas pela capacidade de armazenar água na raiz, no caule ou folhas, essas plantas resistem a situações adversas, como as de altas temperaturas, baixa umidade e intensa insolação. Responsável pela curadoria da Coleção de Plantas Suculentas da Fundação, Inês explica que a maioria delas sobrevive dias, e até semanas, sem água.
“Por sua beleza, durabilidade, fácil propagação e cultivo, as plantas suculentas são bastante procuradas, especialmente para a decoração de ambientes em espaços reduzidos”, afirma.
Coleta predatória
O jardineiro da seção de botânica aplicada Carlos Alberto Ferreira informa que atualmente a coleção de plantas vivas do Jardim Botânico possui cerca de 150 espécies que servem como matriz para a possível reposição de exemplares na Área de Visitação. “Além de possibilitar a reposição, essas espécies são destinadas a importantes pesquisas científicas. É preciso considerar que depois das orquídeas, as suculentas são as mais colecionadas”, destaca.
Assim como ocorre com vários outros grupos de plantas, as suculentas também sofrem com a coleta predatória e a destruição dos ambientes de origem delas. Isso faz com que a pressão pela preservação dessas espécies aumente a cada dia. Daí também a importância de as coleções botânicas do JB continuarem a ser ampliadas e melhoradas por meio de parcerias com instituições públicas e privadas.
Curiosidades
Quem nunca se rendeu às delícias de um frango ou de uma costelinha com ora-pro-nobis? Para quem não sabe, o ora-pro-nobis é um tipo de cacto que possui alto teor de proteínas.
A babosa, por sua vez, é uma das plantas medicinais de uso tradicional mais antigo que se conhece. Ela é um excelente cicatrizante para pele e é muito utilizada, até hoje, no tratamento da queda de cabelo e no combate a doenças do couro cabeludo.
O mandacaru é outra espécie que pode ser consumida em pedaços e em sucos, conforme a tradição em alguns lugares do interior de Minas, além de ser uma “iguaria” para aves que não resistem ao colorido e saboroso fruto. Já as palmas têm grande importância para os povos de regiões áridas, pois são fonte de alimento para o gado na época da seca.
É claro que todos esses usos exigem uma boa dose de cuidado, pois muitas plantas suculentas podem ser tóxicas. O fato é que todas elas são atraentes, seja por sua exuberância durante o período de floração (como é o caso da bela flor do mandacaru que só abre à noite), seja por apresentar características curiosas (como enormes espinhos ou formatos inusitados).
Há também algumas “propriedades” místicas e folclóricas relacionadas a algumas espécies, como à espada-de-são-joão (utilizada para a proteção contra “mau-olhado”) ou mesmo ao mandacaru (cuja floração tem o poder de anunciar a chuva no sertão).
Confira o mapa da Fundação e aproveite para conhecer outros espaços: