Eles estão todos os dias, durante as 24 horas, pelas ruas de Belo Horizonte, gerenciando o trânsito, orientando motoristas e pedestres, auxiliando no socorro às vítimas de acidentes, entre outras ações. Passar um dia com um agente oferece a oportunidade de ter um bom retrato da dinâmica da capital mineira e de toda a organicidade da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) na gestão de um trânsito cotidiano, que envolve mais de um milhão e meio de veículos e de pedestres, além de ciclistas – e de contratempos rotineiros.
Logo cedo, antes das 6h, o supervisor da gerência de Ação Regional Centro-Sul da BHTrans, Alexandre Ribeiro, repassa as demandas do dia, encaminha ações a serem executadas pelos agentes de trânsito, imprime algumas solicitações enviadas pela população nos canais de atendimento da PBH e vai para rua, em parceria com o coordenador Marcelo Henrique.
Uma das primeiras ações do dia é pegar a viatura que recebe a carga de sinalização viária a ser usada. A dupla segue para o primeiro trabalho, uma intervenção na área hospitalar. No cruzamento das avenidas Brasil e Francisco Sales, eles implantam a sinalização e iniciam uma das ações da Operação Mais Mobilidade, garantindo a fluidez da direita livre no local, o que gera uma melhora viária dos veículos vindos da Francisco Sales e também garante a travessia segura dos pedestres. “Essa é uma ação simples que a BHTrans realiza no pico da manhã e reduz a fila de veículos na avenida Francisco Sales, que, normalmente, vai até a região do bairro Floresta”, explica Alexandre.
Durante o tempo da operação, dezenas de pessoas solicitam ajuda aos agentes, sobretudo na área hospitalar, em que há uma grande concentração de pessoas do interior e que não conhecem bem a capital. “Pedestres e motoristas nos param e pedem informações sobre ruas e locais”, conta o agente Marcelo Henrique.
No primeiro semestre de 2017 foram realizadas 12.547 ações e operações de trânsito pelos agentes da BHTrans, uma média de 69 por dia. As ações têm o objetivo de resguardar as condições de operação do tráfego voltadas para a segurança e fluidez.
Estacionamento irregular
Finalizada a operação na área hospitalar, a dupla segue para atender solicitações enviadas pela população via telefone no 156 ou Portal da BHTrans. Nesse dia, a abordagem foi em vagas especiais para idosos e pessoas com deficiência. "Nosso foco é conscientizar as pessoas da necessidade de respeitar a legislação de trânsito e deixar essas vagas para quem é de direito. É uma questão de cidadania", reforça Alexandre.
Em alguns casos, é solicitada a presença da Guarda Municipal ou da Polícia Militar, que autuam os veículos estacionados irregularmente, e os agentes da BHTrans acionam, por rádio, o Centro de Operações (COP-BH) e convocam o reboque para removê-los. Nos primeiros seis meses deste ano, foram realizadas 2.605 remoções de veículos para o pátio de recolhimento – uma média de 14,4 remoções por dia.
O supervisor Marcelo Henrique esclarece que as remoções acontecem em várias ocasiões, sobretudo nos casos de estacionamento irregular. No primeiro semestre de 2017 foram recebidas 4.422 solicitações da população, o que corresponde a 24 por dia.
Gestão com inteligência
A dupla segue para a região Sul, em um ponto final de uma linha de ônibus, e dá início à fiscalização de elevadores para acesso de pessoas com deficiência. “Uma das reclamações registradas com recorrência pelos usuários é sobre a operação dos elevadores dos ônibus. Vamos in loco e, além de verificar o problema relatado, avaliamos todos os itens fundamentais para operação segura e adequada do ônibus”, pontua o agente Alexandre. Até junho deste ano foram registradas 12.847 ações de fiscalização relativas ao transporte (coletivo, escolar e táxi).
Ao retornar à área central, a dupla segue uma rota de monitoramento pela avenida Nossa Senhora do Carmo. Uma parada no trevo do Belvedere e os agentes da BHTrans acompanham o trânsito na região. Lá, abordam caminhões para orientação sobre as regras de circulação de veículos de carga na avenida e dentro do perímetro da avenida do Contorno.
“O objetivo aqui é parar os veículos de carga e orientar que, se ele tem capacidade de carga acima de cinco toneladas ou comprimento maior que 6,5 metros, não pode continuar a descida. Essa é uma ação diária que vem aumentando a segurança e minimizando as situações de risco envolvendo acidentes com caminhões na região da Nossa Senhora do Carmo”, explica a agente Eunice Tassi, que atua diariamente no trevo.
O monitoramento segue até o cruzamento com a avenida do Contorno, onde os agentes constatam um número significativo de carros retidos e acionam o COP-BH, em uma ação integrada com uso de inteligência para a resolução de problemas. “Por favor, central, faça uma avaliação para ajuste semafórico na Contorno com Nossa Senhora do Carmo, em virtude de uma obra emergencial aqui. Acrescente mais tempo para a descida dos veículos da Nossa Senhora do Carmo, sentido bairro/centro”, solicita o agente Alexandre pelo rádio.
Os sistemas semafóricos, que controlam um total de 1.007 interseções viárias da cidade, tiveram 2.106 intervenções operacionais no primeiro semestre deste ano, média de 11 por dia, com o objetivo de adequar os tempos dos sinais às demandas momentâneas do trânsito.
Próximo turno
A jornada da manhã está chegando ao fim e os agentes passam pela avenida Afonso Pena, onde não há nenhuma ocorrência. Mas, nem sempre o trânsito bom é sinônimo de que não há problemas na via. O olhar aguçado e treinado dos agentes verifica um carro parado no meio da avenida.
Giroflex ligado, a viatura da BHTrans busca um local para estacionar rapidamente e o agente Alexandre vai até o carro parado que está com um problema mecânico. O agente empurra o veículo até o passeio e desobstrui a via. O motorista, um jovem que não quis se identificar, pede orientações aos agentes. Em casos como esse, o proprietário deve solicitar um reboque particular e remover o veículo.
O jovem, apavorado, estava sem celular e não sabia como resolver o problema. Em contato com o COP-BH, o agente Alexandre conseguiu o telefone de um reboque particular e emprestou o celular para que o jovem conseguisse levar o veículo para casa. “Esse tipo de coisa acontece quase todos os dias. Tem sempre alguém com um problema no carro e que nos chama para pedir ajuda”, diz Alexandre.
Após o almoço, os agentes Alexandre e Marcelo se encontram com a turma do próximo turno, passam as pendências e as necessidades do período da tarde, dando, assim, continuidade às ações diárias dos agentes da BHTrans no trânsito da capital. Esse relato de um dia com uma dupla de agentes é apenas um breve recorte do trabalho cotidiano dos 357 agentes de trânsito que atuam todos os dias, por 24 horas, em Belo Horizonte.