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Jardim Japonês encanta público da Fundação Zoo-Botânica

Jardim Japonês na Fundação Zoo-Botânica de BH, com arbustos redondos e uma lantarna à frente, um lago no centro e árvores e uma contrução atrás. Foto: Suziane Fonseca

Jardim Japonês encanta público da Fundação Zoo-Botânica

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O Jardim Japonês é uma espécie de “cartão de visitas” para quem chega pela portaria principal da Fundação Zoo-Botânica (FZB-BH) de Belo Horizonte. Um lugar que convida não só à contemplação, mas à reflexão e tranquilidade de espírito. Ocupa uma área nobre de cinco mil metros quadrados no Zoológico e tem vários atrativos que representam a amizade entre o povo oriental e o brasileiro.

 

A construção do Jardim Japonês ocorreu por iniciativa do então cônsul-honorário do Japão, Rinaldo Campos Soares, e foi resultado de uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e a Associação Mineira de Cultura Nipo-Brasileira. O projeto é do paisagista Haruho Ieda, que se inspirou nos jardins existentes no país nipônico para promover “o respeito à natureza”, como comentou à época da inauguração.

 

Assim como os demais jardins temáticos do Japão, o de Belo Horizonte é composto por elementos paisagísticos que carregam uma simbologia muito significativa, relacionada a conceitos da filosofia zen-budista, que busca a naturalidade, a serenidade, a assimetria e a simplicidade.

 

No jardim da capital mineira é possível ver a combinação de algumas espécies vegetais de origem oriental com outras de nossa flora. Desse modo, o pinheiro negro (Kuromatsu), a cerejeira (Sakura), o ácer (Momiji), a azaleia (Tsutsuji) e o bambu (Take) podem ser vistos convivendo com o mogno e o jacarandá.

 

Um breve “passeio virtual” pelo jardim revela esse simbolismo. Ao transpor o portal de entrada, isto é, o tori, o visitante sai do mundo comum e entra no espiritual. As lanternas de pedra e de madeira (Torôs) “iluminam” o caminho que conduz à ponte (Taiko Bashi) – que, por sua vez, representa uma evolução para um nível superior em termos de amadurecimento e autoconhecimento.

 

A casa de chá (Sukiya) chama à descoberta de mais um aspecto da cultura oriental, que, em sua sabedoria milenar, instaurou ritos em que a delicadeza dos gestos fala mais que mil palavras. A cerimônia do chá (Chanoyu) é um exemplo dessa manifestação simbólica desenvolvida sob a influência do zen-budismo. É a arte de servir e beber o “matcha”, um chá verde.

 

A flor de cerejeira tem um significado singular: é conhecida como a flor da felicidade. A florada da árvore é comemorada no Hanami, evento que acontece no Japão em março e abril. Mesmo sem a exuberância que toma conta de avenidas e praças japonesas, a floração dessa espécie no Jardim de BH já dá uma boa noção acerca da delicadeza dessa flor que é símbolo do país oriental.

 

Outro elemento de destaque é o bambu. Símbolo da perseverança, por ser flexível e resistente ao mesmo tempo, a planta representa a capacidade de adaptação a mudanças.

 

Em mãos cuidadosas

Com o objetivo de conservar a concepção original do projeto paisagístico, a FZB-BH realiza um trabalho diário no jardim. As atividades ficam a cargo de dois jardineiros, que cuidam especialmente da retirada das ervas daninhas, da irrigação e de manter o formato arredondado e harmonioso dos arbustos.

 

De acordo com o responsável pelas Áreas Verdes do Jardim Botânico da FZB=-BH, Marcelino Geraldo de Magalhães, como se trata de um jardim temático, as plantas são muito específicas. “Isso exige cuidados especiais. Recebemos a doação de mais de 350 mudas de cerejeiras. Elas foram cuidadas pelos técnicos da Produção de Mudas, e parte delas foi plantada assim que adquiriu o porte mais adequado”, disse.

 

Marcelino explica ainda que, nos meses de chuva, a poda da grama é praticada a cada 15 dias. “Em 80% dos casos, a retirada das ervas daninhas é feita manualmente. Além disso, é preciso muita atenção para fazer a roçada”.

 

O resultado desse trabalho não passa despercebido. A jardineira Alessandra Gradisse relata que a maioria dos visitantes comenta as condições do lugar. “O pessoal diz que é o jardim mais bonito e bem cuidado da Fundação. Para mim, este é um lugar que remete à minha casa, pois me transmite paz e é onde me sinto protegida. É aqui que eu gosto de estar”, confessa.

 

Olhar de visitante

Para os visitantes, os elementos que integram o jardim da capital mineira impressionam. A cabelereira Wanda Aparecida de Lopes, que mora em Manhuaçu e esteve no local pela primeira vez, destaca: “achei este jardim lindo! Ele transmite muita paz. É um lugar em que as pessoas se sentem com a mente livre do estresse da vida cotidiana. E, para curar o estresse, só mesmo a beleza”.

 

Já a estudante de design do Centro Universitário UniBH, Juliana da Silva, ressalta a importância de conhecer outros costumes. “Um lugar como este nos aproxima da cultura nipônica. É uma experiência nova proporcionada aos brasileiros”, define. Na companhia de um casal de brasileiros que vive em Barcelona há mais de dez anos, a jovem ainda aproveitou a ocasião para registrar momentos da visita com uma máquina fotográfica.

 

Cenário de espetáculos

Vale lembrar ainda que, desde sua criação, o Jardim Japonês de Belo Horizonte contou com visitas ilustres, como a do príncipe herdeiro do Japão, Naruhito, em 2008, e de outras autoridades do país oriental. Em 2009, a Associação Mineira de Cultura Nipo-Brasileira realizou no local a Cerimônia do Chá (Chanoyu), evento que também reuniu apreciadores da cultura nipônica.

 

Além disso, por duas vezes (uma em 2012, outra em 2013) o Jardim serviu de cenário para imponentes apresentações da ópera Madame Butterfly, com realização da Fundação Clóvis Salgado, eventos que marcaram o calendário da capital mineira.

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