Na Rede Municipal de Educação, as aulas em espaços não formais de aprendizagem já são parte da rotina. Mais de 1.800 estudantes de escolas municipais de Belo Horizonte participam do projeto Percursos Ambientais, desenvolvido por meio do Programa EcoEscola BH, da Secretaria Municipal de Educação (Smed).
O projeto, que teve início no mês de junho e vai até o dia 11 de dezembro, consiste em vistas em diferentes espaços da cidade com vistas a possibilitar aumentar os conhecimentos, dos alunos de 6 a 14 anos, sobre meio ambiente.
“São cinco percursos que possibilitam o trabalho da educação ambiental. Os roteiros incluem a Serra do Curral; o Parque das Mangabeiras; a Coopersoli (Cooperativa de Recicladores, na região do Barreiro); a Escola Municipal Adauto Lúcio Cardoso, na Regional Venda Nova; e a Escola Municipal Francisco Magalhães Gomes, na Regional Norte, possibilitando que os alunos aprimorem seus conhecimentos de maneira prazerosa”, afirma a professora Adriana Moura, integrante do Programa EcoEscola BH.
A professora Ana Paula, coordenadora do Programa Escola Integrada na EM Francisco Campos, relata que já visitou diferentes percursos com seus alunos. “Como professora de Ciências sempre trabalhei, com os alunos, temas da educação ambiental. O projeto Percursos Ambientais enriquece nossa rotina”.
Observando a natureza
Ao elaborar o projeto Percursos Ambientais, a equipe do Programa EcoEscola BH sugere atividades e orienta os professores a explorarem ao máximo as oportunidades de aprendizados. Além de tornar os estudantes mais comprometidos com as questões socioambientais, os percursos possibilitam aguçar os sentidos, pois trabalham os cinco sentidos dos alunos. A atividade é aberta a todas as escolas municipais e para participar basta que a escola interessada agende sua visita no sistema, disponibilizado pela SMED.
Para a diretora de Educação Integral, Arminda Oliveira, “Belo Horizonte apresenta muitas possibilidades de aprendizagens em seus diversos espaços. Temos lugares incríveis que podem potencializar o trabalho realizado em nossas escolas, possibilitando aos nossos alunos vivenciar e aprender mais com a nossa cidade, a ter um olhar mais atento com o seu ambiente e conhecer melhor o seu entorno. São novas oportunidades de aprendizagens que contribuem para uma formação mais cidadã e favorece não somente nossos estudantes, mas a sociedade como um todo”.
As palavras de Arminda podem ser confirmadas no depoimento de Laura Ariz Dias, 13 anos, aluna da EM Francisco Campos, que falou sobre sua experiência na Serra do Curral. “Foi um momento muito legal, com uma série de atividades interessantes. Foi bom também para exercitarmos o corpo, pois caminhamos bastante. Nós visitamos o mirante. Eu achei muito interessante conhecer Belo Horizonte de cima, ouvir os pássaros e apreciar a paisagem. Foi um jeito novo de ver a minha cidade”.
Circuitos escolares motivam novas iniciativas
Dos cinco percursos ambientais, dois deles contemplam visitação em escolas com experiências exitosas e que se tornaram referências para as outras. O projeto Aquaponia da EM Adauto Lúcio Cardoso; e o Circuito Científico, Cultural e Ambiental da EM Francisco Magalhães Gomes mostram que é possível desenvolver ações significativas, explorando o próprio ambiente.
“Os circuitos escolares trazem a possibilidade de outras escolas conhecerem experiências da própria Rede Municipal. A troca de experiência foi a motivação para incluir as escolas nos Percursos Ambientais, pois muitas querem desenvolver trabalhos, mas não sabem como começar e o que é possível fazer. Conhecer outras realidades servem de exemplo e de estímulo para o desenvolvimento de ações ambientais, otimizando os recursos disponíveis em cada instituição”, enfatiza a professora Adriana Moura.
Mais do que a troca de experiências, as visitas em outros espaços escolares permitem também a interação entre os estudantes da Rede Municipal. Exemplo disso, é o depoimento do aluno da EM Francisco Campos, Cauã Henrique Silva Miranda, 8 anos, que depois da visita ao projeto Aquaponia se mostrou impressionado com o desempenho dos alunos que lhe apresentaram o projeto. “Eu gostei! Havia muitas coisas lá: horta, compostagem, peixes e cultivo de alface. O interessante era que os próprios alunos do projeto explicavam tudo pra gente”.
Para o monitor da Escola Integrada, Walisson Ailton Menezes, idealizador do projeto Aquaponia, a oportunidade de compartilhar o trabalho com outras pessoas resulta em mais multiplicadores de ações ambientais, ultrapassando os muros escolares. “É um trabalho também de conscientização. Hoje muitos de nossos alunos já adotaram a ideia da aquaponia em suas casas, um método fácil que pode ser feito em um espaço de um metro quadrado e que, ao mesmo tempo em que permite o cultivo de alimentos para a própria família, colabora com o meio ambiente”.
A iniciativa é aprovada também pelos estudantes que recebem os visitantes. “Eu e os professores gostamos muito, pois nossa escola serve de exemplo para outras escolas e eu me sinto muito feliz com isso. É importante repassar o que aprendemos, acho que é bom as pessoas aprenderem várias coisas, aprenderem a cultivar verduras que não possuem agrotóxico, aquaponia e como cultivar um pomar em pequeno espaço”, argumenta Nicole dos Reis Vieira, 12 anos, da EM Francisco Magalhães Gomes.
Percursos Ambientais
Aquaponia
Aquaponia é um sistema de cultivo que une a Piscicultura (cultivo de peixes) e a Hidroponia (cultivos de plantas com as raízes submersas na água). As atividades da EM Adauto Lúcio Cardoso (Rua Ernesto Gazzolli, s/nº, Céu Azul) empolgaram tanto os alunos que os jovens criaram uma empresa com logomarca, slogan, cartilhas e uma página nas redes sociais batizada como Círculos Aquapônicos. A empresa fez com que a escola se tornasse conhecida por ser a primeira da cidade a implantar um sistema de aquaponia, que hoje atrai o interesse de estudantes de outras unidades de ensino da capital mineira.
A visita, conduzida pelos alunos e por monitor da Escola Integrada, tem a duração de uma hora e inclui exibição de vídeo e a observação do cultivo feito na escola, que além do cultivo por meio da aquaponia, mantém também uma horta convencional.
Circuito Científico, Cultural e Ambiental
A EM Francisco de Magalhães Gomes (Rua dos Mamoeiros, 98, Vila Clóris) possui diversos espaços destinados à educação ambiental: nascente, lago, criação de peixes, aquaponia, borboletário, viveiro e uma série de atrações montadas pelos professores e monitores com o auxílio dos alunos. A visita tem duração de 1 hora e 30 minutos e é conduzida pela monitora da Escola Integrada que faz a apresentação das atividades presentes no Circuito Científico, Cultural e Ambiental.
Coopersoli
Coopersoli Barreiro (Rua Lacyr Maffia, 148, Vale do Jatobá) é a cooperativa dos recicladores e grupos produtores do barreiro e região. No galpão, cooperados trabalham toneladas de material reciclado, fazendo a triagem, prensagem e coleta. A visita tem duração de uma hora e é coordenada pela cooperativa que apresenta o trabalho e testa os conhecimentos dos estudantes por meio de brincadeiras.
Parque das Mangabeiras
O Parque das Mangabeiras (Avenida José do Patrocínio Pontes, 580, Mangabeiras) é a maior reserva ambiental da capital mineira e um dos maiores parques urbanos da América Latina. O espaço é habitado por diferentes espécies de aves, bem como vários tipos de mamíferos. A mata é composta por diversas amostras de vegetação e possui 59 nascentes. O objetivo desse percurso é propiciar o aprendizado da fauna dos parques urbanos para promover o convívio harmônico e responsável entre pessoas e animais silvestres. Nesse percurso, os estudantes são conduzidos pela equipe do parque.
Parque da Serra do Curral
O Parque da Serra do Curral (Avenida José do Patrocínio Pontes, 1.951, Mangabeiras) é bastante procurado para prática de trilhas ecológicas e oferece aos visitantes uma vista privilegiada da região metropolitana da capital mineira. Sua flora é bastante diversificada, variando de áreas de Campo Rupestre, passando pelo Cerrado e contando também com remanescentes de Mata Atlântica. Nesse percurso, os estudantes fazem caminhada até o topo da montanha. A visita tem duração de até 2 horas e é acompanhada pelos monitores e professores das escolas.