Drenagem de canais internos, conserto de canaletas, capina, limpeza, roçadas, poda de árvores e trabalhos de arborização, com o plantio de três mil espécies frutíferas às margens de bacias hidrográficas. Esses são alguns dos serviços já em andamento na cidade, executados pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) como parte das ações de prevenção às enchentes do período chuvoso – de outubro a março.
O trabalho é permanente ao longo do ano e teve início em fevereiro. A Prefeitura de Belo Horizonte investe R$ 15 milhões nas ações, conforme contrato de dois anos iniciado no fim de 2014 e prorrogável por mais três anos. Ao todo, serão feitas a limpeza e a manutenção preventiva e corretiva de 14 bacias e/ou córregos até o início do próximo período de chuvas, em outubro.
As manutenções já foram concluídas nas bacias do Parque 1º Maio, na regional Norte; Várzea da Palma em Venda Nova; Bonsucesso no Barreiro; e Lagoa Seca, no bairro Belvedere, regional Centro-Sul. Algumas das bacias também passam pelo processo de desassoreamento.
No momento, estão sendo executadas a manutenção simultânea de outras quatro bacias. São elas: parque Lagoa do Nado, na Pampulha; bacia do Liége, no bairro Jardim dos Comerciários, em Venda Nova; bacia Engenho Nogueira, na Pampulha; e os córregos Olaria/Jatobá, no Tirol, na região do Barreiro.
No total, serão retirados aproximadamente 28 mil metros cúbicos de sedimentos e entulhos. Durante os trabalhos já foram encontrados objetos inusitados, como pneus, sofás, televisão, tanquinhos, pedaços de motos e bicicletas, preservativos e carcaças de animais.
O presidente da Associação dos Moradores do Tirol, Selmo Eustáquio Barbosa, que vive na região há 55 anos, afirma que os trabalhos de prevenção são um alívio para a comunidade. “Desde que foi feita a obra na bacia melhorou muito para os moradores do conjunto João Paulo, que antes sofriam com as enchentes. Era muita tristeza antes, e, agora, a gente vê o impacto positivo.”
Visitas Técnicas
Durante a execução dos trabalhos de manutenção da bacia de detenção do Engenho Nogueira, três turmas de engenharia da PUC Minas e uma turma de arquitetura da UFMG acompanharam a equipe da Sudecap e puderam vivenciar na prática os conhecimentos aprendidos na sala de aula.
Os alunos tiveram a oportunidade de entender o funcionamento das bacias e como elas contribuem na prevenção de enchentes, além da metodologia de trabalho e de outros temas relacionados à drenagem da cidade. “A coisa mais importante é passar o conhecimento aos novos engenheiros que vão chegar ao mercado, para que eles tenham acesso à experiência e às coisas produtivas e saibam o que significa efetivamente a engenharia”, diz o engenheiro Antônio Aragão, chefe de Divisão de Detenção de Bacias da Sudecap e supervisor da obra.
Siriguela, jambo, araçá...
Para Aragão, o serviço de manutenção preventiva e corretiva é essencial, porque faz a retenção da água e dos resíduos sólidos na parte superior das barragens, evitando, consequentemente, a possibilidade de enchentes nas regiões que ficam à jusante (abaixo) dos córregos.
Além disso, segundo ele, a manutenção permanente das bacias ajuda a diminuir o mau cheiro dos locais, a melhorar as condições estéticas e ambientais no entorno e também a diminuir os focos do mosquito Aedes Aegypti e da proliferação de pernilongos. Vistorias são feitas frequentemente para detectar a necessidade de novas intervenções.
Além dos serviços já citados, nos córregos Olaria/Jatobá, por exemplo, também estão sendo construídos dois muros de gabião que servem para conter a erosão, sobretudo quando chove. Diversas árvores frutíferas serão plantadas, como siriguela, ameixa, jaca, goiabeira, mamão, jambo, pitanga, abacate, acerola, araçá e umbu. O plantio ajuda a harmonizar o meio ambiente, trazendo para o ambiente da bacia os pássaros da região, como Bem-Te-Vi, Pardal, Saracura, Sabiá e João-de-Barro.
Para próxima etapa, estão programadas as intervenções nas bacias do Parque Nossa Senhora da Piedade, regional Norte; na bacia da Vilarinho em Venda Nova; bacia do Cardoso, na Vila Fazendinha, regional Leste; e em três bacias do Parque Real, no bairro Jardim Vitória, regional Nordeste.