Impossível não notar o cabelo tingido de vermelho, o rabo de cavalo, um piercing no nariz, outro próximo à orelha esquerda e as 14 tatuagens espalhadas pelo corpo. “Eu gosto de chamar a atenção, de ser diferente. Não quero ser igual a todo mundo”, afirma Jéssica Beiral, de 27 anos.
Não foi apenas pelo estilo que a atacante do América roubou a cena na Copa Centenário do ano passado. Destaque da equipe campeã, Beiral conquistou a artilharia do torneio com 22 gols em sete jogos. Dez foram marcados na incrível goleada com placar de jogo de basquete: 31 a 0 sobre o Águia Negra.
“Fiz gol de tudo quanto é jeito nesse jogo. Só de cabeça foram uns cinco”, lembra a atacante, que é esperta no jogo aéreo apesar da baixa estatura. “Eu fico só esperando a jogada sair e corro com tudo para cabecear. Já levei bolada, cabeçada, mas não tenho medo das zagueironas, não.”
Organizada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e realizada anualmente em várias categorias, a Copa Centenário é considerada um celeiro de talentos e uma boa vitrine para os atletas, além de servir como preparação para outros torneios.
“Gosto muito de participar da Copa Centenário. A organização é excelente. Além disso, os clubes ficam de olho nas jogadoras que vão bem na competição. Foi o que aconteceu com a minha amiga Ágata, que acabou contratada pelo América depois de se destacar”, conta a atacante do América.
Velocista, fã de Marta e Neymar, Beiral atacava pelas beiradas, mas a lesão da amiga Dilene a deslocou para a função de centroavante, mais centralizada. Com a mudança de posição, ela disparou a fazer gols. Para a Copa Centenário de 2018, a baixinha de cabelos ruivos planeja superar a marca de 22 gols e, claro, conquistar o título novamente pelo América. “Meu sonho é chegar à Seleção Brasileira”, afirma Beiral, que ainda vai disputar este ano também o Campeonato Mineiro e o Brasileiro.
Por questão de segurança, ela não usa os piercings quando está em ação, mas faz questão de se diferenciar pela cor do calçado. “Não abro mão de chuteiras verde fluorescente ou bem branquinhas, que chamam a atenção."
As tatuagens revelam uma pessoa religiosa, um crucifixo, a palavra “Fé” e a frase “Nunca foi sorte sempre foi Deus”. Há o rosto do irmão Guilherme e inscrições que homenageiam os pais Rosilene e João, as avós Cileia e Nilda, os irmãos Gui e Nando, o afilhado Tayller. “Vou fazer ainda o rosto do meu outro irmão (Nando), da minha mãe e do meu pai”, adianta Beiral.
Calendário
A Copa Centenário tem sete categorias de disputa: Infantil, Juvenil, Adulto A, Adulto B, Adulto C, Master e Feminino. As duas primeiras categorias serão disputadas neste semestre, com início em 3 de março, enquanto as demais vão ocorrer no segundo semestre, inclusive a categoria Feminino, com a primeira rodada prevista para 4 de agosto.
Além de organizar a competição, por meio da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Smel), a Prefeitura disponibiliza 30 campos municipais para a disputa, da primeira rodada à decisão de cada categoria.
Este ano, a PBH conta com recursos do Ministério dos Esportes, o que vai ampliar a política de fomento ao esporte, com o fornecimento para cada clube classificado de um conjunto de uniforme com 25 peças e sacola para transporte de material esportivo.
“A Copa Centenário é um dos projetos fundamentais que a Prefeitura de Belo Horizonte tem não apenas para o incentivo aos clubes de futebol amador da cidade, mas, sobretudo para o desenvolvimento do esporte. Investir no esporte é gerar inclusão social, saúde e vida”, afirma o secretário municipal de Esportes e Lazer, Elberto Furtado.
Cada clube participante vai receber ainda duas bolas para utilização nas partidas. Já os dez primeiros colocados de cada categoria, ganharão bolas como premiação. Ao todo, serão 300 jogos na Copa Centenário 2018. Haverá, ainda, seletiva, congresso técnico, premiação com medalhas e troféus e coquetel de encerramento.