Além da produção de mel e própolis, as abelhas sem ferrão (Meliponídeos) têm papel importante na polinização em geral, sobretudo, na produção de alimentos. Pensando nisso, técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) participaram do curso de “Produção e multiplicação de abelhas sem ferrão”.
Os servidores participaram de aulas teóricas, ministradas pelo presidente da Associação de Meliponicultores de Minas Gerais (AME-Minas), Eurico Novy, e de uma experiência prática, realizada no Parque Amilcar Vianna Martins, no bairro Cruzeiro.
Segundo o gerente de Educação Ambiental, da SMMA, Chico Melo, o curso tratou da biologia das abelhas nativas brasileiras, suas diversas espécies e sua dispersão pelo território nacional com foco nas espécies que ocorrem dentro da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Foram apresentadas aos participantes seis espécies de abelhas nativas: Iraí (Nannotrigona testaceicornes), Jataí (Tetragonisca angustula), Mirim-Guaçu (Plebeia remota), Uruçu-Amarela (Melipona rufiventris), Mirim-Preguiça (Friesella Schrottkyi) e Mandaçaia (Melipona mandacaia).
De acordo com o gerente, foi dado destaque para as espécies, Mandaçaia e Jataí por serem espécies produtoras de grande quantidade de mel. Durante a aula prática, os alunos transferiram uma colmeia de abelha Jataí para uma caixa racional — compartimento para acondicionamento de colmeias de abelhas silvestres sem ferrão utilizados na meliponicultura.
“As abelhas são importantes para a polinização em geral, e especialmente, de alimentos. Com o curso, pretende-se incentivar o respeito e até mesmo a adoção colmeias pelas pessoas”, disse Melo.
Para Dany Amaral, servidor da SMMA, que participou do curso, entender sobre as abelhas nativas e saber como manejá-las pode aumentar a biodiversidade na cidade e com isso ter mais qualidade e beleza no dia-a-dia.
“O conhecimento partilhado na oficina tem conexão direta com o projeto INTERCAT-Bio que vem sendo desenvolvido entre PBH, Agência Metropolitana de BH e o ICLEI. O objetivo do projeto é fomentar ações que promovam a biodiversidade e serviços ecológicos que melhorem a qualidade de vida nas cidades. Entre esses serviços, a polinização realizada pelas abelhas é o que garante a vida muitos organismos na terra, sobretudo nós os seres humanos”, explicou Dany Amaral.
Melo explica que a ideia é instalar as colmeias de abelhas sem ferrão nos parques da cidade de modo a garantir a polinização urbana e a biodiversidade, atendendo assim um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) — diretrizes internacionais da Organização das Nações Unidas (ONU) que estabelecem metas para que os países cumpram e atinjam assim os compromissos de desenvolvimento sustentável.
No próximo ano, a SMMA vai abrir uma edição do curso de “Produção e multiplicação de abelhas sem ferrão” para a população. O curso será ministrado pelos servidores que participaram do treinamento.
INTERCAT-Bio
O INTERACT-Bio selecionou três regiões metropolitanas em três países: Brasil, Índia e Tanzânia. No Brasil, Campinas (SP) foi eleita como cidade modelo. As regiões metropolitanas de Belo Horizonte e Londrina foram escolhidas como cidades parceiras dentro do país. O programa é financiado pelo Ministério Federal Alemão do Meio Ambiente, Conservação da Natureza, Construção e Segurança Nuclear (BMUB), por meio de sua Iniciativa Climática Internacional (IKI).
No período de quatro anos, as cidades vão desenvolver um projeto de desenvolvimento urbano integrado à biodiversidade, envolvendo planejamento territorial, a gestão do uso do solo, o desenvolvimento econômico local e projetos de infraestrutura. A iniciativa apoiará as regiões metropolitanas a compreenderem o potencial da natureza, principalmente em relação ao fornecimento de serviços essenciais para o dia a dia das cidades e, ao mesmo tempo, a melhorarem a conservação da biodiversidade e dos ecossistemas, gerando novas ou melhores oportunidades econômicas.