Em Belo Horizonte, a prática esportiva mudou a vida de atletas paralímpicos que atuam na única equipe de vôlei sentado de Minas Gerais. Um desses jogadores é Ronmey Hebert, que teve as duas pernas amputadas em decorrência de trombose provocada pelo vício do cigarro. Ele dribla as atividades de dono de barbearia, no bairro Santa Cruz, região Nordeste, para realizar os treinos e os jogos. “Fico ansioso para chegar a hora de praticar esse esporte que mudou a minha rotina, meu comportamento social e perspectiva de vida”, afirma o barbeiro, que sonha com as disputas nacionais e internacionais. “Somos diferentes e não queremos deixar de sonhar como qualquer atleta, queremos estar à frente em todas as disputas.”
A equipe existe desde 2013 e tem o nome de AMDA, sigla da entidade responsável pela criação: Associação Mineira de Desporto para Amputados. Com o desafio de manter a equipe, a associação conta com as parcerias da Federação Mineira de Vôlei e da Prefeitura de Belo Horizonte. Essa modalidade paralímpica foi abrigada em um departamento exclusivo na federação, fato inédito no Brasil, segundo Tomas Mendes, presidente da entidade. “Com essa iniciativa, estendemos ao vôlei sentado a oportunidade que foi dada ao vôlei de praia e ao convencional”, pontua o presidente, destacando a importância do papel social dessa prática esportiva.
As ações da PBH dedicadas à equipe da AMDA estão alinhadas ao projeto Vôlei Sem Limites, que integra o programa Superar, executado pela Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (SMEL), que atende cerca de 600 pessoas com deficiência em diversas modalidades esportivas. A equipe realiza os treinos nas dependências do Superar (avenida Nossa Senhora de Fátima, 2283, no bairro Carlos Prates).
No momento, a SMEL está em fase de fechamento de patrocínio para o projeto com uma empresa da iniciativa privada, fato que vai viabilizar investimentos na aquisição de uniformes, custeio de equipe técnica e deslocamentos para competições. Os recursos são resultados dos procedimentos da SMEL de inscrição do projeto no programa junto ao Governo do Estado, que isenta de impostos as empresas que investirem em atividades esportivas.
Inclusão social
Segundo Carla Marcedo, coordenadora do projeto Vôlei Sem Limites, a iniciativa promove inclusão social e qualidade de vida. Ela acompanha a equipe da AMDA há cinco anos e enumera casos de atletas que conseguiram conquistar espaços no mercado de trabalho, socialização e novas perspectivas de vida. Carla diz que os participantes são homens de 17 a 40 anos, com situação de amputação de uma ou duas pernas, lesões articulares nos joelhos e paralisia cerebral leve.
As viagens realizadas pelo time para competições em outros estados contribuem para a profissionalização da equipe e proporcionam oportunidades de passeios turísticos. A equipe tem agendada uma disputa de nível internacional para o próximo mês, em Maceió (AL).
Um dos atletas “viajados” é Adalberto Maia da Silva, analista de sistema que disputou partidas pelo campeonato brasileiro nas capitais de São Paulo, Aracaju e Goiânia. Ele aponta como principal desafio a profissionalização do Vôlei Sentado, o que poderia possibilitar às pessoas com deficiência “viver do esporte”, tal qual ocorre com atletas de times de vôlei convencional.
Exibição na rua
No domingo passado, dia 10, os atletas da AMDA fizeram demonstração do esporte dentro do programa A Savassi é da Gente, realizado aos domingos na região da Savassi, pela PBH. Na quadra montada na avenida Getúlio Vargas, próximo ao cruzamento da avenida Cristóvão Colombo, eles compartilharam a atividade com atletas das categorias infantil e mirim do time convencional de vôlei feminino do Mackenzie Esporte Clube.
Os interessados em obter mais informações sobre o projeto Vôlei Sem Limite devem ligar para a gerência de Desportos da SMEL, pelo telefone (31) 3246- 5131 ou acessar a página no Facebook "Vôlei Sentado BH".
Sobre a modalidade
No vôlei sentado, podem competir homens e mulheres que possuam alguma deficiência física ou relacionada à locomoção. São seis jogadores em cada time, divididos por uma rede de altura diferente e em uma quadra menor que a da versão olímpica da modalidade. No Brasil, a modalidade é administrada pela Confederação Brasileira de Voleibol para Deficientes.
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BH em Pauta: BH tem única equipe de vôlei sentado de Minas
Foto: Divulgação PBH